Modelo de três etapas

Modelo de três etapas para pesquisa

O comitê de especialistas em pesquisa de resultados clínicos com Realidade Virtual (VR-CORE) publicou em JMIR Mental Helth 2019 (v.6,1) um modelo de três fases para o desenvolvimento de tratamentos e ensaios clínicos com Realidade Virtual. Tomando como base as diretrizes da agência sanitária estadunidense Food and Drug Administration (FDA) para ensaios clínicos em terapias farmacológicas, o modelo pretende ser uma referência para avaliar a validade e rigor científico de tratamentos que utilizam Realidade Virtual, assim como as formas emergentes de Realidade Estendida, incluindo a Realidade Aumentada e a Realidade Mista.

Considerando que a Realidade Virtual apresenta características específicas que requerem adaptação de protocolos e guias utilizados habitualmente no campo biomédico, VR-CORE propõe a seguinte descrição de fases:

VR1Estudos centrados no desenvolvimento de conteúdo a trabalhar com o paciente e profissionais clínicos mediante um desenho centrado no ser humano.
VR2estudos iniciais com u enfoque na viabilidade, aceitabilidade, tolerância e eficácia clínica inicial. Avaliação do uso da RV no ambiente natural (consulta externa, domicílio do paciente, hospitais).
VR3Ensaios controlados aleatórios que comparam resultados clinicamente importantes entre a intervenção e a condição de controle.

Sínteses dos critérios propostos para cada fase de pesquisa sobre tratamentos com RV

Estudos RV 1

RecrutamentoDeterminar a população de interesse tendo em conta distintos fatores: idade, gênero, etnia, saúde, posição social.
ObservaçãoAprender do comportamento do paciente em contexto clínico.
EntrevistaRealizar entrevista cognitiva individual aos pacientes para que se possa conhecer suas necessidades, lutas, experiências, medos, aspirações e expectativas. Documentação de opções segundo o perfil.
Mapeamento de PacientesDefinição da experiência do paciente. Descrição da sequência de eventos que o paciente vá experimentar durante o tratamento de Realidade Virtual no contexto de sua enfermidade.
Colaboração de EquipeReunir e compartilhar a informação derivada da experiência com pacientes, gerando novas ideias.
FeedbackModificação do modelo segundo feedback contínuo do paciente, tendo em conta a parte positiva e negativa do modelo.

Estudos RV 2

PopulaçãoEstudo de uma amostra representativa da população destinatária do tratamento com RV, em que se descrevem claramente os critérios de inclusão e exclusão.
EntornoDetalhar o equipamento, frequência e duração das sessões (timing). Seguir lista de comprovações TIDIER ( sigla em inglês para Modelo para Descrição e Replicação de Intervenções) para facilitar a replicação.
Condições de ControleSelecionar e justificar a/as condições de controle considerando o objetivo hipotético de compromisso e mecanismo de ação proposto.

Aleatoriedade assegurada por um programa estatístico especializado.

Especificação das técnicas, e o êxito em conseguir a aplicação cega com pacientes e investigadores.
ObjetivosEspecificar previamente resultados e objetivos principalmente para o paciente. Assegurar uma diferença mínima clinicamente significativa na condição objetivo entre o grupo controle e tratamentos.

Objetivos secundários que incluam variedades clínicas.

Registrar e medir os efeitos adversos.
DuraçãoSeleção e justificação do tempo de tratamento ótimo.
Apresentação e Análise de ResultadosReportar a significância estatística (95%) do efeito positivo da terapia no objetivo principal da terapia.

Predefinição de um código binário para poder medir a realização do mínimo de mudanças significativas nos pacientes para poder calcular a significância do tratamento (para análises multivariáveis o melhor é mais de 20 observações.
RegistroO ensaio deve estar registrado publicamente, independentemente de que os resultados sejam positivos ou negativos.