Critérios de eficácia para prática baseada em evidências
A prática baseada em evidência utiliza a melhor informação sobre eficácia, preferencialmente baseada em pesquisasa, para a eleição de tratamentos e terapias. Os níveis de evidência em pesquisa para uso clínico variam de estudos de caso único e estudos observacionais a ensaios clínicos randomizados. Na prática clínica diária, porém, é necessário considerar tanto a eficácia observada no entorno controlado da pesquisa como a eficiência do dia a dia da clínica.
No caso de uso da realidade Virtual em Psicologia, entretanto, são necessários estudos e pesquisa que permitam compreender como as especificidades da imersão com RV produzem efeitos terapêuticos. É necessário mais pesquisa para compreender em quais transtornos psicológicos a RV pode ser uma ferramenta eficaz, assim como estudos que ajudem a compreender os mecanismos neuropsicológicos subjacentes aos efeitos observados.
Tendo em conta que a RV é uma ferramenta tecnológica que caminha em direção à incorporação de biossensores para uma experiência de usuário imersiva e interativa, decidimos adotar como referência os critérios de eficácia desenvolvidos pela AAPB (Associação para Psicofisiologia Aplicada e Biofeedback) e a ISNR (Sociedade Internacional de Neurofeedback e Pesquisa) para avaliar a eficácia da pesquisa no campo do biofeedback adaptando-os ao campo de usos terapêuticos da Realidade Virtual em Psicologia.
Esperamos com isso proporcionar um marco de referência de utilidade para o profissional clínico na hora de considerar as possíveis aplicações clínicas da Realidade Virtual no campo da saúde mental tomando como base a pesquisa existente.
Níveis de eficácia
É necessário destacar aqui que um nível de eficácia baixo não significa que o tratamento não seja útil. No contexto científico isso pode indicar que não tenham sido realizados estudos sobre uma aplicação específica, ou que os efeitos observados dependem da variabilidade dos sujeitos. Em outras palavras, pode indicar que são necessários mais estudos, assim como estudos mais específicos e controlados, mas não necessariamente que uma determinada aplicação não tenha utilidade.
Os critérios abaixo servem como guia para consultar a literatura disponível sobre o uso terapêutico da RV em Psicologia:
Nível 1 Sem apoio empírico | Nível 2 Possivelmente eficaz | Nível 3 Provavelmente eficaz | Nível 4 Eficaz | Nível 5 Eficaz e específico |
---|---|---|---|---|
Não há apoio empírico | Ao menos um estudo com poder estatístico e medidas claras | Múltiplos estudos observacionais | Grupo controle atribuído aleatoriamente, no que se demonstra um efeito no grupo alternativo ao de tratamento | Grupo controle atribuído aleatoriamente, no que se demonstra um efeito no grupo alternativo ao de tratamento |
Baseado em casos de caráter eventual ou não habitual | Não há uma atribuição aleatória a situação controle | Estudos de replicação intrasujeitos | A eficácia do tratamento é similar ao de um tratamento de eficácia estabelecida previamente | A eficácia do tratamento é similar a de um tratamento de eficácia estabelecida previamente |
Ensayos clínicos | População delimitada por condições claras | População delimitada por condições claras | ||
O estudo utilizou variáveis claramente especificadas relacionadas com o problema que se está tratando | O estudo utilizou variáveis claramente especificadas relacionadas com o problema que se está tratando | |||
Análises de dados apropriado | Análises de dados apropriado | |||
Replicável | Replicável | |||
Eficácia demonstrada em ao menos dois estudos independentes | Demostrado ser superior a placebo, medicamento ou tratamento de boa fe em ao menos dois estudos independentes |